Quero aqui deixar minha saudação e minha força e apoio ao povo catarinense. Passei três anos maravilhosos lá, onde fiz grandes amigos e conquistei grande admiração por eles e tenho certeza que deles por mim.
Sinto muito mesmo, tudo que aconteceu com este povo simpático, acolhedor e trabalhador, contudo, quero deixar aqui meu protesto contra esta campanha em prol de depósito bancário para reconstruirem suas casas. Não, não sou contra a reconstrução delas, mas sim, de utilizarem uma campanha para ganharem dinheiro às custas do povo, sendo esta reconstrução, obrigação dos governos municipais, estadual e federal.
Os governos têm a obrigação de criarem um fundo de apoio e de financiarem tal obra, nem que para isto, o povo catarinense pague em 50 anos. Mas pedirem dinheiro à população do resto do país, para se eximirem de culpa, isto considero o fim da picada.
Se for assim, em todos os municípios em que a população morar em favela, em área sem o mínimo de cuidado social, terá o mesmo direito. Imaginem se o governador do Rio de Janeiro viesse à público pedir que a população brasileira doasse dinheiro para reformar, por exemplo, com a Rocinha, seria um caos! A Rocinha é maior que muitas cidades afora...
Para se ter uma idéia, da enormidade desta favela carioca, enquanto a Rocinha tem uma população em torno de 250 mil pessoas, o município de Joaçaba, no meio oeste catarinense tem uma população de aproximadamente 10% da Rocinha, ou seja, 25 mil habitantes, isso, levando em conta que cerca de 3 mil destes moradores são estudantes, vindos de outras cidades, que residem em Joaçaba apenas durante o ano letivo. E, tenham a consciência de que Joaçaba é a "capital comercial" do meio oeste catarinense, e uma das cidades mais povoadas da região. Quando eu tive a honra e o prazer de morar lá, residi em uma cidade vizinha, chamada Luzerna, que tem segundo o IBGE de 2001 possuía uma população de 5577 habitantes, sendo assim, a Rocinha é aproximadamente, 50 Luzernas.
Por isto, sou contra a campanha de doação de dinheiro para a reconstrução de suas casas, pois enchentes, catástrofes, secas, etc, acontecem em todo o país, independente de qual seja a região. Temos, sim, que criar uma campanha nacional de melhoria de qualidade de vida, educação e cidadania em todo território nacional. Se for pra doar, que doem remédios, roupas e comidas, água potável, etc. Isto sim, dou meu apoio irrestrito.
Mas dinheiro, nem pensar! Ainda mais porque quem doa, normalmente, não tem de onde tirar. O povão mesmo é o maior doador, já a classe mais rica cria as campanhas e fala para doarem, mas tirar o dinheiro do bolso e investir, isso é muito difícil!